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terça-feira, 8 de maio de 2012

Mais Uma Vez, Mãe

Um dia encontrei, em uma esquina da vida, uma criança chorando. Parei. 
Quis saber a razão. Entre soluços ele disse: "PERDI MINHA MÃE". 


Outra vez, num abraço demorado com um amigo, em um velório cheio de saudade, ouvi os mesmos dizeres: "PERDI MINHA MÃE".


Em um hospital, acolhi uma amiga, ainda em prantos, com a notícia do médico impotente: "PERDI MINHA MÃE".


Nossa trajetória, neste mundo, é assim.
Apesar disso, é difícil nos acostumarmos com as despedidas. 


Ouvi, em uma apresentação de uma criança com risos e bailados, a conversa emocionada de duas professoras. Quis saber. 


Elas Explicaram: 


" A MÃE DESSA MENINA ACABOU DE MORRER DE CÂNCER, AINDA NÃO A AVISAMOS". 


Olhei para a menina envolta na dança simples com as sapatilhas, presente da mãe. 


Com o coque de cabelo que aprendeu fazer com a mãe. 


A menina olhava para algum lugar distante, talvez em busca da mãe.


Histórias tristes, há aos montes. 


Mas há as alegres, também. 


O colo bom. 
Os dedos entre os cabelos e uma ou outra história com a voz que é bela apenas pelo jeito de dizer. 
E os cuidados. 
As broncas. 
A reza. 
O beijo de boa noite e o abrir das cortinas. 
As preguiças. 
As farras. 


Há histórias incompreensíveis, também. Filhos que por alguma razão, não dizem o que deveriam dizer. Abandonam. Nos asilos por aí, há mães que - incompreensivelmente - morreram para os seus filhos. Eles têm outras ocupações. Não querem saber de problemas. E lá ficam aqueles brancos cabelos com pouco cuidado, e aquelas histórias tantas engasgadas de silêncios. Não há ninguém para ouvi-las!


Há filhos que enriquecem de dinheiro e empobrecem de sentimentos. E têm vergonha da mãe. Da mãe simples, que não teve muita instrução, que talvez fale demais, que talvez peque pelos modos não tão sofisticados. E tentam elas explicar o inexplicável: "Eles são muito ocupados".


Mãe. Eu tenho a minha. Linda! Conta-me histórias e cuida de mim. Cuidamos um do outro. 


Cada um em seu tempo. Cada um a seu modo.  Chora as perdas do passado, os  filhos seus que se foram, o marido santo - meu pai - que esta junto de Deus. Faz planos para o futuro. 
Ficar perto de mim, sempre. Relembrar o quanto fomos felizes quando  estávamos todos. 


Hoje, são outros que frequentam os nossos afetos. 


Mas nós continuamos juntos.


Falando. Ouvindo. Silenciando.


O AMOR É ASSIM.
E, de mãe, é mais bonito ainda.
Feliz Dia das Mães 


Gabriel Chalita
Professor e escritor


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