Um dia encontrei, em uma esquina da vida, uma criança chorando. Parei.
Quis saber a razão. Entre soluços ele disse: "PERDI MINHA MÃE".
Outra vez, num abraço demorado com um amigo, em um velório cheio de saudade, ouvi os mesmos dizeres: "PERDI MINHA MÃE".
Em um hospital, acolhi uma amiga, ainda em prantos, com a notícia do médico impotente: "PERDI MINHA MÃE".
Nossa trajetória, neste mundo, é assim.
Apesar disso, é difícil nos acostumarmos com as despedidas.
Ouvi, em uma apresentação de uma criança com risos e bailados, a conversa emocionada de duas professoras. Quis saber.
Elas Explicaram:
" A MÃE DESSA MENINA ACABOU DE MORRER DE CÂNCER, AINDA NÃO A AVISAMOS".
Olhei para a menina envolta na dança simples com as sapatilhas, presente da mãe.
Com o coque de cabelo que aprendeu fazer com a mãe.
A menina olhava para algum lugar distante, talvez em busca da mãe.
Histórias tristes, há aos montes.
Mas há as alegres, também.
O colo bom.
Os dedos entre os cabelos e uma ou outra história com a voz que é bela apenas pelo jeito de dizer.
E os cuidados.
As broncas.
A reza.
O beijo de boa noite e o abrir das cortinas.
As preguiças.
As farras.
Há histórias incompreensíveis, também. Filhos que por alguma razão, não dizem o que deveriam dizer. Abandonam. Nos asilos por aí, há mães que - incompreensivelmente - morreram para os seus filhos. Eles têm outras ocupações. Não querem saber de problemas. E lá ficam aqueles brancos cabelos com pouco cuidado, e aquelas histórias tantas engasgadas de silêncios. Não há ninguém para ouvi-las!
Há filhos que enriquecem de dinheiro e empobrecem de sentimentos. E têm vergonha da mãe. Da mãe simples, que não teve muita instrução, que talvez fale demais, que talvez peque pelos modos não tão sofisticados. E tentam elas explicar o inexplicável: "Eles são muito ocupados".
Mãe. Eu tenho a minha. Linda! Conta-me histórias e cuida de mim. Cuidamos um do outro.
Cada um em seu tempo. Cada um a seu modo. Chora as perdas do passado, os filhos seus que se foram, o marido santo - meu pai - que esta junto de Deus. Faz planos para o futuro.
Ficar perto de mim, sempre. Relembrar o quanto fomos felizes quando estávamos todos.
Hoje, são outros que frequentam os nossos afetos.
Mas nós continuamos juntos.
Falando. Ouvindo. Silenciando.
O AMOR É ASSIM.
E, de mãe, é mais bonito ainda.
Feliz Dia das Mães
Gabriel Chalita
Professor e escritor
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