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quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Quando dói,...



Quando o coração dói...                    

                                  ...não sentimos vontade de levantar pela manhã e queremos que a noite dure para sempre para não termos de enfrentar o dia cara a cara. E quando se torna impossível continuar enrodilhados em nossos edredons acolchoados, levantamos e nem percebemos que o sol brilha e que o céu é azul, limpo de nuvens.

Quando o coração dói...
                                    ...tentamos e não conseguimos comer, pois um bolo se forma na garganta e temos que cuspir fora o que ingerimos, sem sentir os sabores que outrora enchiam de água a nossa boca.

Quando o coração dói...
                                    ... uma força nos prende dentro de casa onde as sombras se instalam e tudo fica triste, feio e sujo. E se não há outro jeito e temos que sair para a rua, não vemos o sol brilhando, nem sentimos o perfume das flores que colorem os jardins por onde passamos e andamos sozinhos pelas ruas porque as pessoas se tornam imagens mecânicas que passam por nós e nem vemos.

Quando o coração dói...
                                    ... nossos sentidos ficam entorpecidos e só o que existe é o peso no coração que toma conta de todo corpo e o nosso espírito se afasta de nós e se recolhe em seu casulo transcendente esperando o momento de voltar. 

Quando o coração dói...
                                    ... olhamos os objetos de nossa mesa de trabalho e os trocamos de lugar maquinalmente sem conseguir fazer nada do que deveria ter sido feito. E quando alguém nos pergunta como vamos respondemos monocordiamente que tudo bem sem ter coragem de olhar nosso interlocutor nos olhos.

Quando o coração dói...
                                    ...esquecemos que viemos de carro para o trabalho e vamos para o ponto de ônibus onde perdemos todos e voltamos para casa a pé, sem sentir cansaço, frio ou calor, só dor.

Quando o coração dói...
                                    ...até o banho se torna um suplício, usamos as mesmas roupas todos os dias e vamos deitar do jeito que estamos, calçando nossos sapatos apertados que esquecemos de tirar.

Quando o coração dói...
                                   ... as letras dos jornais e dos livros se embaralham sem conseguir formar palavras e as imagens da televisão são seres que passam por nossos olhos como fantasmas sonolentos.

Quando o coração dói...
                                    ... a chuva não acalanta,  a música não embala e todo e qualquer barulho por mais insignificante que seja nos causa sobressalto. 

Quando o coração dói...
                                    ...podemos estar em companhia de muita gente, podemos estar em uma festa, onde fomos sem vontade, mas é como se estivéssemos sós no mundo, sem nenhuma ligação com nada, mas pesados, sem movimento.  

Quando o coração dói...
                                    ...não queremos comprar nada, não queremos vender nada, só queremos sumir, virar fumaça, desaparecer no ar.
                                 

Quando o coração dói...
                                    ...dói tão forte que se fosse possível o arrancaríamos e lançaríamos para fora de nós.

Quando o coração dói...
                                    ...mas quando ele dói de verdade, a dor é tão grande que a gente pensa que nunca mais vai passar...

...mas passa. E quando passa a gente observa que ele ficou mais forte, mais duro e mais rígido e as coisas voltam ao normal. E quando a vida volta ao normal é que a gente percebe o quanto ela é bela, o quanto vale a pena... até a próxima dor.

*Este texto é simplesmente perfeito ele foi escrito por Maria Olímpia Alves de Melo

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