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quinta-feira, 1 de março de 2012

A lição dos chuchus


Dona Maria Pena, que era viúva do Raimundo, irmão do Chico Xavier, julgava que este era um mão aberta... Não era muito crente do dar sem receber. E certa manhã, em que, sobremodo, sentia a missão do médium, que muito estimava, disse-lhe: - Chico, não acredito muito nas suas teorias de servir, de ajudar, de dar e dar sempre, sem uma recompensa. Não vejo nada que você recebe em troca do que faz, do que dá, do que realiza... - Mas, tudo quanto fazemos com sinceridade e amor no coração, Deus abençoa. E, sempre que distribuímos, que damos com a direita sem a esquerda ver, fazemos uma boa ação e, mais cedo ou mais tarde, receberemos a resposta do Pai. Pode crer que quem faz o bem, além de viver no bem, colhe o bem.
- Então, vamos experimentar. Tenho aqui dois chuchus. Se alguém aqui aparecer, vou lhos dar e quero ver se, depois, recebo outros dois...
Ainda bem não acabara de falar, quando a vizinha do lado esquerdo, pelo muro, chama:
- Dona Maria, pode me dar ou emprestar uns dois chuchus?
- Pois não, minha amiga, aqui os tem. Faça deles um bom guisado.
Daí a instante, sem que pudesse refazer-se da surpresa que tivera, a vizinha do lado direito, também pelo muro, ofereceu quatro chuchus a Dona Maria.
Meia hora depois, a vizinha dos fundos pede a Dona Maria uns chuchus e esta a presenteia com os quatro que ganhara.
A vizinha da frente, quase em seguida, sem que soubesse o que acontecia, oferece à cunhada do nosso querido médium, oito chuchus.
Por fim, já sentindo a lição e agindo seriamente, Dona Maria é visitada por uma amiga de poucos recursos econômicos.
Demora-se um pouco, o tempo bastante para desabafar sua pobreza.
À saída, recebe, com outros mantimentos, os oito chuchus.
E Dona Maria diz para o Chico:
- Agora quero ver se ganho dezesseis chuchus! Era só o que faltava para completar essa brincadeira...
Já era tarde.
Estava na hora de regressar ao serviço e Chico partiu, tendo antes enviado à prezada irmã um sorriso amigo e confiante, como a dizer-lhe: “Espera e verá”.
Aí pelas dezoito horas, regressou o Chico à casa.
Nada havia sucedido com relação aos chuchus.
Dona Maria olhava para o Chico com ar de quem queria dizer: “Ganhei ou não?...”
Às vinte horas, todos na sala, juntamente com o Chico, conversam e nem se lembram mais do caso dos chuchus, quando alguém bate à porta.
Dona Maria atende.
Era um senhor idoso, residente na roça.
Trazia no seu burrinho uns pequenos presentes para Dona Maria, em retribuição às refeições que sempre lhe dá, quando vem à cidade.
Colocou à porta um pequeno saco.
Dona Maria abre-o nervosa e curiosamente.
Estava repleto de chuchus...
Contou-os: sessenta e quatro. Oito vezes mais do que havia ultimamente dado...
Era demais.
A graça, em forma de lição, excedia à expectativa, era mais do que esperava.
E, daí por diante, Dona Maria compreendeu que aquele que dá recebe sempre mais.



Fonte: Livro "Lindos Casos de Chico Xavier", de Ramiro Gama

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