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quarta-feira, 11 de abril de 2012

TEMPO

quando o tempo chegar
ele não irá mais embora
vamos nos desgovernar agora 
 
o tempo há de reinar, senhora

pelo tempo que resta ao mundo
passado e futuro, e espelhos perecíveis
de areias movediças, invisíveis
o tempo é no fundo o que desperdiças

o tempo há de parar as coisas que se movem
eras para sempre e nunca mais será
não há tempo para que se renovem, é para já
o tempo é sempre jovem

o tempo é devagar, mas raro
para sempre e pouco a pouco
vem de longe, sem pressa de voltar
o tempo me segue como um louco, não paro

o pai das épocas, e ancestral do dia
é o tempo filho da urgência
o patrão da sorte, paciência
o tempo fértil até na morte

o tempo é relativo, por dentro
está ativo e ao redor do centro, se esparrama
com um gênio eruptivo para com um menor
quando o tempo chama, entro

já era o tempo da liberdade
o tempo não é para trás ou para frente
não nasce ou jaz, ele não é de verdade, somente
engana como o tempo pesa, é corrente

hospício ou asilo sem muro
o tempo é à prova de fugas, mora ao lado
velha nova, o fim e o início, o prematuro e retardado
o tempo é agora puro

Publicado no Livro Ruído, pela Eucleia Editora

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