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sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Árvore da Vida - Cinema


 'A Árvore da Vida', vencedor da Palma de Ouro em Cannes em 2011.

Diretor Terrence Malick  é formado em Filosofia pela Harvard e lecionou essa matéria no não menos prestigiado MIT, o Instituto de Tecnologia de Massachussets.
É um tipo de pensamento filosófico, portanto, que guia este roteiro, assinado como sempre por Malick, que situa em seu centro o personagem Jack (interpretado na maturidade por Sean Penn e na adolescência pelo excelente Hunter McCracken).
A narrativa, em boa parte, é uma viagem às memórias de Jack, que visitam particularmente a infância passada em Waco, Texas - não por acaso, o local onde cresceu o diretor, embora haja controvérsias se ele nasceu mesmo lá ou em Ottawa, Illinois.
Nessa infância, os protagonistas são a mãe (Jessica Chastain), o pai (Brad Pitt) e os irmãos menores, um dos quais morreu adolescente.
Essa morte do irmão assombra Jack e é um dos motores a levá-lo a uma indagação maior sobre o sentido do mundo e a existência de Deus, pois é certamente num mundo impregnado de cristianismo que ele cresceu.
Mas, dentro de seu coração, lutam os dois caminhos que o filme aponta desde o começo como as margens do curso da vida: o caminho da graça (encarnado pela mãe) e o da natureza (simbolizado pelo pai).
Este microcosmo representado por esta família, que é um protótipo da América dos anos 50, mas não só - pode ser vista como um modelo de família de qualquer parte do mundo ocidental - é inserido no macrocosmo do mundo natural.
Assim, as imagens de 'A Árvore da Vida' levam não só Jack como todos os espectadores a visualizarem uma viagem no tempo, à origem da vida no planeta, com direito à passagem dos dinossauros 
(que são os melhores e mais vívidos que o cinema já mostrou, superando com muitas vantagens os de
 'O Parque dos Dinossauros' de Steven Spielberg).
Em sua parte central, o filme divaga por esplêndidas imagens de natureza, como uma erupção do Etna, as geleiras da Antártida, os oceanos e diversos animais - que alguns jornalistas descreveram ironicamente como 'momento National Geographic'.
Ironia à parte, essas imagens fazem sentido dentro daquilo a que a história se propõe, reavaliar a trajetória de um homem, um homem qualquer, por suas perguntas sobre si mesmo e sobre a vida. Coisas que um Stanley Kubrick faria, e que Malick executa com maestria semelhante, embora numa chave bem distinta.
Se há um perigo a respeito de 'A Árvore da Vida' é ser interpretado como um filme religioso, o que não é - muito embora Malick situe-se em território bem mais espiritualista do que Lars Von Trier e seu 'Melancolia'.
Sem dúvida, a religião faz parte da própria formação dos personagens - e não se esqueça que Waco foi o palco de uma tragédia de fundo religioso em 1993, culminando com a morte de 76 integrantes de uma seita fundamentalista cristã liderada por David Koresh.
Entretanto, se o filme de Malick tem algum fundo espiritual, ou seja, anseia explorar além da matéria, é muito mais filosofia do que religião. Mas sempre haverá quem pense o contrário, especialmente numa sequência em que Sean Penn revê os personagens de seu passado numa praia. Aí, porém, a psicanálise parece uma referência melhor.
'A Árvore da Vida' é um filme belo, intenso e raro, pelo arco que se dispõe a atravessar, pelas camadas de sentido que suas imagens quase hipnóticas conseguem desdobrar a cada visão - ao mesmo tempo que cria personagens de uma densidade impressionante, capaz de torná-los simbólicos e transcendentes, universais ao menos no hemisfério ocidental.
Fonte:Cineweb


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