Roberto SHINYASHIKI, São Paulo: Editora Gente, 2005.
Neste livro, o psiquiatra Roberto Shinyashiki desenvolve a sua teoria sobre a importância das caricias na vida do ser humano.Valendo-se da linguagem da análise transacional do psicólogo francês Claude Steiner e das experiências do pesquisador M. F. Harlow com os macaquinhos e suas mães substitutas, ele procura mostrar que o carinho, a estimulação tátil é importante no nosso desenvolvimento tanto quanto os alimentos.
Citando os estudos de René Spitz sobre crianças institucionalizadas, afirma que os estímulos são indispensáveis. Crianças que não tiveram oportunidade de interagir com adultos durante o primeiro ano de vida apresentam reflexos diminuídos e retardados, não se dão conta do que acontece a seu redor e quando frustrados não sabem reagir.
Lembra o trabalho de Levine mostrando que os ratos estimulados positivamente tanto quanto os ratos estimulados negativamente têm um desempenho muito superior aos ratos sem estimulação, confirmando que os estímulos são muito importantes ainda que sejam estímulos negativos.
Diz que as pessoas têm fome. Não só de comida, mas de contato com os outros, tem fome de reconhecimento, fome sexual, fome de estruturas e até de incidentes.
Para Shinyashiki existem carícias positivas que fazem as pessoas se sentirem bem, existem carícias negativas que fazem as pessoas se sentirem mal, e também as carícias falsas.
Diz que tanto as carícias positivas quanto as carícias negativas podem ser boas ou más.
A carícia positiva é má quando se elogia e estimula algo ruim. A carícia negativa pode ser boa quando conduz uma pessoa que está fazendo algo errado à reflexão. As carícias falsas, chamadas pelo autor de carícias de plástico são emitidas por aqueles que desejam obter caricias, sem estarem interessadas em dar atenção ao outro.
O autor relaciona então uma série de carícias negativas e carícias positivas usadas por adultos e por crianças, que buscam afeto e atenção do outro, numa luta ferrenha para evitar a indiferença.
O leitor se identifica nos inúmeros exemplos citados no livro, ele apresenta vários casos para mostrar que acabamos por fazer das carícias uma moeda de troca. E assim, visto como moeda de valor, as carícias passam a ser disputadas e não mais compartilhadas. Cria-se a idéia de falta no lugar onde só deveria haver abundância.
Diz que dessa maneira criamos a nossa miséria, e acabamos por acreditar nela e defendê-la hipocritamente sem se dar conta disso.
A partir daí começa a mostrar os principais mitos que povoam a mente humana e seus relacionamentos afetivos.
São exemplos perfeitos dos jogos emocionais que as pessoas criam baseadas nas próprias ilusões e nos papéis que representam em suas histórias.
E assim segue mostrando detalhadamente o resultado que tudo isso causa na vida de cada um.
Sugere maneiras de encerrar esse jogo e começar a viver plenamente, desfrutando e compartilhando carícias entre todos.
Um tópico muito importante que chama a nossa atenção é a discussão que ele propõe sobre a quantidade das carícias.
Quando ele diz que qualquer tipo de estímulo é melhor que a indiferença, que podemos fazer qualquer coisa para obter um pouco da atenção, ele explica porque no mundo há tanta maldade e sofrimento.
Este livro nos ajuda a aprender a distribuir nosso afeto em todas as áreas da vida.
A psicologia do afeto, como o autor nomeou sua teoria, é uma arte que deve ser aprendida e praticada por compreender que a carícia é essencial tanto quanto o alimento, mas que tem uma diferença fundamental:
Praticada, ela é infinita; quanto mais se dá mais se tem pra dar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário